Tuesday, August 21, 2007

Assaltantes

(photo de yaleglobal.yale.edu)




A fazer lembrar o prec, umas dezenas de putos e delas também, invadiram uma propriedade privada no Algarve. Cumprindo a tradição, toca a desfolhar o milheiral que o idiota do dono da propriedade semeou para – pasme-se! – ganhar algum cacau, o que, como toda a gente sabe, é péssimo sinal dos recalcamentos burgueses que, infelizmente, ainda entopem a mona de muito indígena mal formado e estúpido (infelizmente é também o meu caso mas eu aguardo, impaciente, a minha vez para a lavagem ao cérebro).

A maior parte daqueles vândalos e arruaceiros (as televisões e a imprensa têm, até agora, sido mais carinhosos na adjectivação da espécie), tinha a tromba tapada por causa da alergia ao pólen; estranhei o facto porque, sendo eles burros, achei que deviam estar habituados ao feno.

Percebo também porque razão a GNR não conseguiu impedir (mesmo sabendo antecipadamente da excursão), identificar ou prender a esmagadora maioria dos malfeitores: não havia latagões nem latagonas, eram todos magricelas como o milho derrubado, e se algum deles levasse um carolo a sério, além de correr o risco de ficar descabeçado para o resto da vida, o pobre do soldado que tivesse cometido tal crime ia levar com o mundo em cima, sem falar na hipótese, terrível, de ser o alvo num sermão de frei Anacleto Louçã (agora que o mencionei aproveito para lhe desejar as melhoras da laringite que o impediu de vir a publico condenar este acto).

O gang insere-se num movimento mais vasto de palhaços radicais, cujo circo este ano acampou em Aljezur; denominado Ecotopia e é segundo os promotores “… um modelo funcional de comunidade auto-sustentável que coloca em prática os princípios de um estilo de vida alternativo e mais amigo do ambiente: tomadas de decisão por consenso, reciclagem de lixo, refeições vegetarianas, uso de energias alternativas.(...) tem uma estrutura horizontal (não-hierárquica) e auto-organizada; a todos é pedido que tomem parte no funcionamento do campo, resolvendo problemas e tomando decisões. E todos são responsáveis pelo programa. O Ecotopia funciona no sistema de ecotaxas - um sistema económico alternativo baseado no padrão de vida e rendimento médio de cada país, em vez de baseado nos mercados financeiros, o que significa que cada um no Ecotopia paga pela comida o mesmo que pagaria no próprio país”.

Hummm … reconhecem o cheiro? Mais mal cheiroso fica quando tomo conhecimento que o Instituto Português da Juventude – organismo governamental – incentivou à participação da nossa juventude no acampamento (a página oficial do governo com o apoio já “desapareceu” da Internet mas há sempre rabos de palha …).

Se a coisa se mantivesse só pelo empurrão inicial de incentivo à participação e à angariação de desmiolados, vá que não vá, mas a prática cá no burgo mostra que antes, durante ou depois do empurrão das autoridades, sejam elas autárquicas, centrais ou europeias, a este género de organizações que se mascaram de ONG’s, vem o subsidiozito sem o qual não há pão para malucos.

E de quem é o taco que as autoridades – as autárquicas, as centrais e as europeias – desperdiçam neste e noutros grupelhos com objectivos parecidos?
Exactamente!

É assim


(foto no DN Online)


Acabei de ler o livro da Zita Seabra onde ela conta como foi a sua vida, desde o momento em que, menina rica com dezassete anos, passou à clandestinidade até ao final da década de oitenta, altura em que, definitivamente, conseguiu largar a pele de comunista com que se enrolou durante anos.

Para muitos conceituados democratas esquerdistas, mesmo depois da realidade do muro de Berlim lhes ter caído em cima dos costados, ler este livro deve ser pior do que levar um murro nas trombas e ficar KO. Toda aquela treta sobre democracia, liberdade e igualdade mandada às malvas pela pia abaixo, gentileza de uma das suas mais empenhadas lutadoras.

Para outros, ler aquilo ou não ler vai dar ao mesmo, eles acreditam e – mais grave! – querem que nós também acreditemos naquela banha da cobra para, escravizando o maior número de tolos que conseguirem, terem uma vida rica e darem rédea solta à sua bestialidade.

Infelizmente há ceguinho que não quer ver! À vista de tanta evidencia, ainda há muito boa gente com muito carinho e respeito por outros ditadores vivos, tipo o senhor Saramago, o senhor Fidel Castro e o senhor Hugo Chavez, entre outros. Tudo bons rapazes, malta fixe, daqueles que animam as patuscadas com a sua exuberância e que cativam assistentes para as suas pantominices!

Como a Márcia Rodrigues, jornalista do nosso canal de televisão público que entrevistou, no passado mês de Julho, o embaixador iraniano em Portugal. Não vi a entrevista. Só vi duas fotografias da jornalista na sua função. Da Márcia só se vê uma pequena madeixa do cabelo loiro e a cara. Tudo o resto está bem tapado, com véu, roupa a tapar o pescoço e luvas pretas nas mãos. Ela, que deve ter orgulho em poder celebrar, em liberdade, o dia internacional da mulher, o dia internacional do combate à violência contra a mulher e outras efemérides importantes para as meninas na sua luta pela igualdade face aos meninos, justificou a farpela usada como a adaptação à lei da teocracia islâmica dizendo ser bom que o nababo tuga saiba que ela seria presa se ousasse apresentar-se vestida como lhe é habitual no seu dia-a-dia nesta laica republica portuguesa. Porém, segundo uma fonte da embaixada do Irão em Lisboa, não foram dadas quaisquer indicações à jornalista sobre a forma como ela deveria vestir-se, lembrando que "mesmo que alguma embaixada tivesse a pretensão de dizer a um cidadão português como ele deveria vestir-se dentro do seu próprio país, esse cidadão não era, de forma alguma, obrigado a obedecer às instruções dessa mesma embaixada”.

Não sei quem mente. Não parece nada bem é a nossa Márcia (e já agora o nosso canalzinho de TV) curvar-se tanto perante o representante do ditador iraniano, porque é uma chatice quando esta gente agarra o poder: só o largam à biqueirada!

Por isso é que a Zita Seabra, no seu livro Foi Assim, se congratula com o facto de Cunhal não ter tido poder real porque “ao mesmo tempo que exercia um profundo fascínio, dada a sua forte personalidade, bastava conviver um pouco de perto com Álvaro Cunhal para lhe perceber uma profunda desumanidade nas relações humanas, muitas vezes a roçar a crueldade”. Está na cara: foi assim e é assim! Né?

Thursday, August 09, 2007

Viva




Já cá moram quinze diazinhos de papo para o ar numa praia algarvia!
Além do bronze, oferta do rei sol, trouxe também dois pares de quilos para chatear as minhas calças; vai-me dar um gozo do caraças ver como é que elas se vão desenrascar e conseguir enfiar pelas minhas pernas acima sem perturbar, em demasia, a hortaliça. O cinto, impossibilitado de se meter na fivela, desapareceu sem deixar rasto. Se por acaso algum dos leitores tiver um, para aí com uns dois metros e meio de comprido, que não use, saiba que estou comprador, pelo que me poderá contactar para uma rápida conclusão do negócio.

Até nem sou dos que comem muito; bem pelo contrário! O meu problema tem a ver com a manteiga, as loiras e os gelados. Por esta ordem! O resto do que como é muito à base de grelhados e cozidos, tudo muito saudável.

Felizmente esta mania com a culinária saudável está muito em moda entre os adolescentes, pelo menos entre as raparigas e os rapazes que, este ano, frequentaram a mesma praia que eu. Só gente linda e elegante, praticamente ninguém excessivamente nutrido.
A contrariar os pregões dos vendedores ambulantes a produtos, fritos, que dão cabo da saúde, o “olhà bolinha com creme, a bolinha sem creme e o creme sem bolinha” ou o “olhà bolacha da dona aurora, feita de manhã para comer agora”, está o delas e o deles, anunciado sem pruridos de espécie alguma: cozam-se os carvalhos! Em qualquer lugar e a qualquer hora!

Fui ao barbeiro porque o meu cabelo é infernal e, nem nas férias, fica quieto. Agora frequento um que fica num centro comercial; para rentabilizar a barbearia e como há muito mais mulheres que homens, criaram um espaço que está a funcionar como barbearia para gajas e que já ocupa quase o dobro do nosso território.
Hoje tive que esperar quase uma hora pela minha vez. Eu e mais os seis marmanjos carrancudos que tiraram a senha antes de mim; elas, as senhoras, chegavam aos magotes, sorridentes e faladoras. Bichas para elas? Nenhuma! Estavam todas do nosso lado!

Quando um homem é chamado para o acto a que vai, estrafegam-lhe o pescoço com uma porcaria dum enorme babete velho, lavam-lhe a cabeça com sabão clarim, esfregam-na depois com um pano de limpar o chão, empurram-no para uma cadeira já cheia de cabelos, fazem-lhe o que tem a fazer e … prazer em vê-lo, até à próxima!
Elas? É só sorrisinhos e beijinhos, “querida, que óptimo aspecto, e ainda não esteve na praia? Não? Quem diria!, mas isso é fantástico!”, desaparecem por detrás duma porta (apostava que lhes dão um aperitivo às escondidas) e reaparecem com uma bata branca absolutamente impecável a proteger a roupita; as mãos que lhes esfregam o couro cabeludo estão equipadas com luvas pretas da mais pura seda.
O desvelo pela criatura sentada na confortável poltrona até enjoa: “Querida, a temperatura da água está boa? Não está muito apertado no pescoço, pois não? ”, “Ó Mizé, na tua cliente tu só usas o nove trinta e oito porque, no preto dela, esse realça-lhe a mate, e – não te esqueças! – não abuses do oxidante!”.
O coração aperta-se-me quando vejo uma coisa com a cabeça repleta de folhas de papel de alumínio; lá fora as nuvens estavam pretas e se trovejar aquela coisa vai atrair um raio. E eu temo ficar como os carvalhos: cozido!

Os Combatentes


Por um lado é muita boa, por outro lado é muito má! É boa porque me relaxa, é má porque me mantém excitado! É boa porque me deixa deitar à vontade, é má porque o seu calor, às tantas já me chateia. É má, é muito má porque leva-me uma pipa de massa!

Por acaso até que não estou a olhar para nenhuma fotografia e nem estou a ver nada à minha frente e apesar da afirmação anterior se referir a algo do género feminino nem de perto admito que me imaginem capaz de tais pensamentos, quanto mais ter a lata de os expressar por escrito.

Refiro-me simplesmente a esta época do ano e ao mês de Julho, sinónimo de férias, as minhas ricas duas semanas de sorna absoluta, sem ponta de remorsos por não estar a fazer nada de útil com o meu tempo livre (tretas do género de cortar os arbustos, pintar os alpendres, arrumar o escritório, deitar fora o arquivo morto, etc.). Esta é a parte boa, que me relaxa e que me deixa dormir.

A parte má, a parte que me mantém numa excitação danada, que me dá uns calores do caneco e que me leva uma pipa de massa é a primeira prestação do pagamento por conta do IRS. É uma chatice, eu não me habituo, a cada ano que passa fico mais furibundo com esta “tradição” provisória que, entretanto, passou a definitiva!
Nem o óleo de fígado de bacalhau me deixava este amargo na boca, esta sensação de dinheiro muito mal gasto, mal empregue ou mal empregado!

Ainda por cima, cada vez são mais as evidências que me dizem que bem posso ir praticando o kiss-kiss goodbye às pensões de reforma que (não) vou ter!
Portugal – dizem – é um dos sete países mais envelhecidos do mundo. As estatísticas dão conta que estamos muito abaixo do nível de substituição das gerações o que, trocado em miúdos, significa que em 2050 teremos perdido quase vinte e cinco por cento da nossa população. O número médio de filhos por mulher em idade fértil desceu de 1,41 para 1,36, isto é, cada mulher gera um puto e um terço, mais coisa menos coisa. 2006 foi o mais baixo desde que há registos estatísticos, tendo nascido menos 4100 putos do que em 2005.

Toda esta maçaroca que o monstro me leva, vai-me fazer uma falta do caraças quando for jarreta; por essa altura já “eles” a gastaram, sem dúvida nenhuma, com enorme solidariedade pelos menos necessitados e em obras tipo futebolês. E quer-me parecer que o exagero na auto-protecção da classe politica europeia, mais sus muchachos, vai dar cabo da pouca vontade que os jovens da classe média ainda têm para, marmelando, irem procriando!

E, por essa altura, quando eu for jarreta, uma bengala por membro para poder andar direito, por muito bem que e minha Maria me trate, palpita-me que não vou ser como certos marmanjos que eu conheço que, aos oitenta e picos, ainda têm genica para se meterem, com prazer, em certo tipo de bolandas que, a muitos jovens como eu, já fazem confusão!

Sensibilidade




Estou um bocadito mal disposto e sinto até uma ligeira sensação de enjoo. Talvez devesse ir escrever lá para fora, para a rua, sempre era uma forma de arejar o capacete. Só que fora de casa já não posso dizer mal de nenhum elemento do nosso governo, conforme lembrou – e muito bem! – a secretária de estado da saúde, Cármen Pignatelli, numa cerimónia oficial: “as pessoas são livres de dizer aquilo que pensam … nos locais apropriados, ou seja, nas suas casas, na esquina, no café”.
Cada cabeça sua sentença? Depende do sítio!

O enjoo não é por causa do programa televisivo deste fim-de-semana porque consegui, nas calmas e às mil maravilhas, evitar todo o contacto ocular e auditivo com os directos dos milhões de amigos da natureza, por esse mundo fora, aos berros e aos pulos, muito amiguinhos uns dos outros; no final, como é hábito nestes encontros, lá deixaram espalhadas pelo chão as impressões digitais de preocupados ecológicos, antes de irem para dentro, para as suas vidas diárias fazer, sabe-se lá, exactamente o quê sobre a matéria festejada.
Entre as celebridades mundiais anunciadas, algumas havia com um currículo público, em matéria ambiental e civilizacional, de fazer inveja ao estripador de Londres, aos irmãos Cavaco ou à antiga deputada Cicciolina.

Como não tenho filhos em exames no secundário, também não é efeito do modo airoso como o ministério da educação resolveu o problema causado pela anulação de uma alínea duma das perguntas do exame nacional de Física e Química do 11º ano em resultado dum erro que impossibilitava a resposta. Reunidas as cabecinhas pensadoras do ministério, a opção, rapidamente encontrada, foi a de multiplicar o resultado final obtido por cada um dos alunos por um coeficiente de 1,0417.
Isto é, quem obteve, por exemplo, 180 pontos no exame ficou com uma nota final de 187.50, com 104 se obteve 100 pontos e por aí fora. A mesma pergunta, impossível de responder por qualquer laminária, nacional ou estrangeira, valeu, óbvia e democraticamente, mais para os melhores alunos e menos para os piores.
Como a média final dos cerca de trinta mil alunos que fizeram o exame foi de 72 pontos significa que, para a esmagadora maioria, estar lá a pergunta ou não estar foi mesmo igual ao litro.

Nem mesmo a possibilidade do número de lampiões passar de seis para cerca de seiscentos milhões graças a uma engraçada chinesice pode ser a causa deste mau estar.

Às tantas, é simplesmente o meu fígado, sempre muito sensível, muito delicodoce, muito igual aos nossos governantes e desprovido de qualquer sentido de humor, a destilar bílis a granel, chateado por causa de umas quantas jolas que fui emborcando, durante o fim-de-semana, por causa do calor tórrido que se fez sentir. Que figadozinho mais copinho de leite!

Arrepios





Acho bem que o senhor S. Pedro pare de brincar com as estações e que deixe partir a prima vera lá para a santa terrinha, para umas férias merecidas e que, em troca, ponha cá o senhor verão a conduzir a máquina, especialmente durante toda a segunda quinzena deste mês, por acaso até era o que me dava mais jeito.

Esta instabilidade da natureza provoca, como não podia deixar de ser, alterações graves na moleirinha do gentio. Estas alterações podem ser mais ou menos visíveis a olho nu e, dependendo do grau de responsabilidade do indígena atormentado, ter mais ou menos impacto na populaça. Uns chamam a isto o aquecimento global e dizem que a culpa é do homem (a mulher, curiosamente, nunca é culpada de nada!); outros, ainda poucos, dizem que não senhor, que isto é o resultado dos humores do rei sol, o absoluto, e das explosões dos seus raios e que nós homens (as mulheres, já se sabe …) não somos ouvidos nem achados nesta mudança do clima.

Os defensores da teoria da culpa do homem no aquecimento global gastam rios de dinheiro para informarem e formarem os nossos descendentes, azucrinando-lhes a tola para pouparem energia, para apagar as luzes quando não forem precisas, para desligar os televisores no botão quando a não estiverem a ver, para não deixarem os carregadores dos telemóveis ligados na ficha quando não estão a ser utilizados, para não deixarem aberta a porta do frigorifico durante muito tempo, etc., etc.
No fundo, a mesma lengalenga que, desde putos, os desgraçados dos meus filhos me têm ouvido a berrar, não por causa do famoso aquecimento, mas por causa do arrefecimento que as contas elevadas da luz, da água e do gás, provocam na minha carteira. Tenho até uma vaga ideia de já os meus pais me darem na corneta por motivos parecidos mas não estou a ver como é que nesse tempo eles fossem ecologicamente já tão adiantados. Inclusive, sonhei que li algures, que nos tempos das lamparinas, também já havia gajos que ficavam virados do avesso com os desperdícios no uso do que quer que fosse que então usavam para poderem ver as trombas uns dos outros quando o sol se punha.

Não tendo ainda, por burrice e por preguiça, formado a minha opinião sobre a matéria, devo confessar uma certa inclinação pelos argumentos dos cientistas que discordam da teoria oficial, encabeçada pelo mediático senhor Al Gore e sus muchachos.

Praticamente sem divulgação na nossa europa, um canal de televisão inglês transmitiu no passado mês de Março um programa documentário, onde um conjunto de especialistas sustentou a tese de que a mudança no clima que estamos a viver não tem nada a ver com a acção do homem e que houve, no passado recente, épocas semelhantes, nomeadamente uma mini idade glaciar no século dezassete que gelou o rio Tamisa de tal forma que até futebol podiam ter jogado no seu leito congelado e um período quente, há cerca de nove mil anos, considerado o período mais quente dos últimos dez mil anos e responsável pelo desaparecimento da face da terra da primeira geração das lambretas a gasóleo.

Consta que a elevada temperatura da política caseira actual parece ter como causa os absolutistas que, como o rei sol, estão sempre a cozinhar alguém ou alguma coisa, seja em lume brando, em velocidade de cruzeiro ou à pressa.