Wednesday, March 17, 2010

Descaramentos


Agora que já não tenho que me preocupar com nenhuma das competições mais importantes por onde andava o meu Fóculporto, vou dedicar-me à pesca do sável, da truta ou dos joaquinzinhos com arroz de tomate malandrinho.
Felizmente que para o ano há mais, pelo menos na nossa liga marcaremos presença, na outra, naquela que dá mais bagalhoça, na dos campeões, talvez daqui a um par de anos. Estas dietas também são boas para desenjoar…
Terminei esta época mais cedo e em beleza, honrado e até comovido com as dezenas de convites que, amigos e conhecidos, tiveram a gentileza de me enviar para um bailarico a ter lugar num clube manhoso, lá para a rua do arsenal numero 5, baile a que, infelizmente, não pude comparecer porque tendo tirado a minha vesícula no mês passado, foram-me desaconselhadas situações propiciadoras a abundante fabrico de bílis.
Resta-me pois recordar as proezas passadas, ir ao baú das velharias buscar umas quantas razões para ver se me sai o amargo da boca, felizmente, agora com a internet, estes passeios são bastante mais simples e mais frutuosos, alguma coisa acabamos sempre por encontrar.
Por acaso até foi fácil, só precisei de recuar até ao mês de Agosto do ano passado para encontrar uma coisinha com aquele sabor a vingança, uma prova – mais uma – de que o chefe do governo é um verdadeiro vendedor da banha da cobra, um animal feroz capaz de rivalizar com os roucos feirantes que, por cem escudos, vendem não um, não dois, não três, mas quatro cobertores espectaculares para tirar o frio à sogra e ainda juntam uma toalha de renda novinha em folha e um napperon em plástico, em forma de losango, a base ideal para aquele cesto que tem lá dentro a banana, o ananás e a maçã artificiais e que decora a mesa da minha cozinha.
O objecto do crime é o vídeo com o debate entre dois grandes cromos socialistas da nossa praça politica – o Zezito e o tele evangelista frei Anacleto Louçã – durante as ultimas eleições legislativas, no tempo em que o nosso défice ainda andava pelos cinco por cento.
No debate, que na altura eu não vi, foi descrito como tendo sido uma coça monumental – à arsenal! – dada pelo chefe do governo (representante do socialismo moderado) ao pregador bloquista (representante do socialismo mais radical). Coisa rara e nunca vista, um habilidoso orador como o Anacleto a levar uma tareia num debate televisivo, até a generalidade da imprensa assim o descreveu o que, conhecido o amor que os jornalistas nutrem pelo pregador, foi obra.
O socialista moderado, em campanha de caça ao voto, atirou-se às propostas do bloco de esquerda, acusando-os de “guardarem como um segredo muito bem guardado as propostas para a politica fiscal”, e pedindo ao pregador que lhe “explicasse porque é que queriam eliminar todas as deduções fiscais com a saúde e educação e com os ppr’s já que, “estas pessoas que fazem estas deduções não são ricos, é a classe média e isso conduziria a um aumento fiscal brutal da classe média”.
Terminada a campanha e já empossado como chefe do governo, o socialista moderado, ao apresentar o PEC – a nossa nova via sacra – jurou pelas alminhas que não havia nenhum aumento de impostos apesar de ter aplicado a tal politica fiscal que os outros andavam a guardar muito em segredo e acabando exactamente com as tais deduções que, se tivessem sido eliminadas pelos bloquistas (os socialistas radicais) conduziriam a um aumento fiscal brutal da classe média.
Que raio de nome se dá a tipos assim, hein?...

Factos



Foi publicada durante a semana passada uma sondagem que uma empresa do ramo realizou a pedido de um jornal. Não me recordo do número de compatriotas nossos que foram seleccionados como cobaias. Também não sei como é que é seleccionado esse conjunto de tugas a quem as perguntas são feitas mas, dada a ciência da coisa, é de bom-tom aceitarmos os resultados como mostrando a realidade tal qual ela é.
Uma das perguntas feitas aos inquiridas foi se achavam que o chefe do governo socialista tinha deliberadamente mentido à Assembleia da República quando afirmou, no inicio do último verão e a três meses de eleições legislativas e autárquicas, que não sabia a ponta dum dito sobre se a Portugal Telecom queria abocanhar uma percentagem do capital da chamada televisão independente, a TVI.
Sessenta por cento dos interrogados disse que sim senhor, que achava que o Zezito tinha mentido quando jurou que não sabia peva acerca do negócio e setenta por cento disse que achava que ele tinha aldrabado sem que para isso tivesse havido qualquer justificação, a modos que deu-lhe para ali porque sim.
Aqui chegados, dir-se-ia que as respostas dos portugueses sondados às outras perguntas do inquérito envolvendo o chefe do governo socialista mostrassem que o antigo animal feroz estaria com guia de marcha passada e com os patins calçados, pronto para uma descida até aos Infernos.
Mas não, não senhor, os portugueses sondados, apesar de acharem que o chefe do governo mentiu à assembleia da república, também acham que é ele que deve continuar a dar cabo do país ser o primeiro-ministro por muitos e bons anos.
Dizem-no quarenta por cento dos nossos conterrâneos, percentagem de portugueses que prometem tornar a votar neste partido socialista, enquanto quase cinquenta e cinco por cento afirma que o governo tem todas as condições para continuar a governar como até aqui.
Ao ler os resultados pus imediatamente a hipótese dos senhores da empresa de sondagens serem uns brincalhões, terem alterado as respostas para gozarem comigo e com todos os que não tiveram oportunidade de participar no inquérito mas, sete copos de água fria depois, achei que os tipos não se atreveriam a publicar falsificações.
Se realmente os resultados desta sondagem são representativos do nosso País, temos pois que para a esmagadora maioria dos portugueses tanto se lhes dá como se lhes deu que o chefe do governo tenha mentido aos senhores deputados, deputados que foram eleitos com os seus votos.
Bate certo com a situação a que chegámos: doze anos e meio (em quinze!) de governos socialistas, um país cada vez mais empobrecido, cada vez mais cheio de dívidas, cada vez mais afastado da média dos outros países europeus, com cada vez mais gente a sair para ver se consegue trabalho no estrangeiro, um estado sanguessuga que controla quase toda a economia e que esmaga com impostos tudo o que ainda mexe e ainda respira. Abençoados sejam.

Friday, March 05, 2010

Ops, enganei-me!




Eu não sei como é que vocês andam mas eu estou farto deste mau tempo até às orelhas, qualquer dia nascem-me umas barbatanas entre os dedos dos pés ou então, muito pior do que isso, vou começar a respirar por guelras o que vai complicar ainda mais a minha vida de fumador.
Não é que eu fume muito, por acaso até devo pertencer à classe dos fumadores mais moderados mas quem me tira aqueles três cigarritos logo a seguir à janta põe-me piurço, fico-lhe com um pó que nem sei, fico mais danado do que quando o meu Fóculporto perde as peneiras de arrecadar o penta.
Mas voltando ao mau tempo, à chuva e ao frio, a este maldito frio, no final do ano passado houve muita publicidade a uma cimeira sobre o clima que teve lugar na Dinamarca, cimeira essa que foi tema de abertura em muitos telejornais e que serviu para muita noticia sobre o tão famoso aquecimento global.
Segundo as noticias de então, aquela reunião, que contaria com a presença dos mais iluminados cientistas mundiais, era vista como uma das últimas oportunidades de que o estafermo do homem ia dispor para pôr de lado um conjunto de maus comportamentos que levariam o planeta terra a um espetanço monumental devido ao aumento astronómico da sua temperatura (fala-se muito em igualdades entre os sexos mas o certo é que as Marias ficaram de fora do rol dos causadores de prejuízos à mãe natureza e, como de costume, só nós homens é que pagamos as favas).
Embora não pareça e ninguém ainda tenha desconfiado, vejo-me forçado a confessar-vos que não sou perito neste assunto e os meus conhecimentos na matéria resumem-se aos humores do calo que vive no dedo pequeno do meu pé esquerdo; quando ele me dói é certo e sabido que pode chover ou fazer sol e quando não me dói é um claro sinal de que vai estar bom tempo ou mau tempo. Tirando este tecnologicamente avançado instrumento científico de análise climática, pouco mais sei do que a maior parte dos outros terráqueos.
Por causa da minha ignorância, tenho pois que me fiar nas palavras dos cientistas que, supostamente, se esfalfam a estudar essas matérias e sou gentilmente convidado (e levado) a acreditar nos organismos internacionais que tratam da coisa, organismos esses que são escolhidos pelos representantes dos governos mundiais.
E aí é que a porca começa a torcer o rabo porque, para mim, a versão oficial que andam, há anos, a tentar vender-me sobre a existência dum aquecimento global causado pelo homem sabe-me tão mal como me sabiam as colheres de óleo de fígado de bacalhau que me impingiam na escola primária.
Ainda por cima, um dos maiores vendedores da teoria, um poderoso organismo chamado IPCC e que ganhou o Nobel da Paz em 2007 em conjunto com o meu amigo Al, tem sido apanhado numa série de erros de palmatória. Num desses erros, a “certeza absoluta, absoluta, absoluta” de que os glaciares dos Himalaias iam desaparecer em 2035 foi rectificada e adiada para o ano 2350 e justificada como um simples lapso tipográfico.
Com “erros tipográficos” deste calibre não admira que eu ande a tiritar de frio: prometem-me calor e depois saem-me estas temperaturas da treta!