Um dia destes vou ter que me chatear com o senhor que me vende os jornais, o homem parece os espelhos que tenho cá em casa e que estão sempre a gozar comigo, a mostrarem-me coisas que eu preferia não ver, a tromba toda amarrotada, quando me rio então a coisa piora e por isso é que ando sempre sisudo. Se eu tivesse o jogo de cintura do nosso Zezito e chutasse tão bem para canto como ele chuta, havia de mostrar a esses estúpidos espelhos uma realidade bem diferente e bem mais linda, qual rugas qual carapuça, tudo muito bem passadinho a ferro. Adiante!
Eu vou à loja para comprar as notícias que ele lá tem expostas para venda, de preferência procuro notícias que me ponham bem disposto mas, a cada semana que passa, são cada vez menos as que me agradam, o homem bem se esforça para ver se me impinge qualquer coisita, às tantas convence-me, lá lhe entrego o meu voto dinheiro, mas mal ponho os pés na rua já estou arrependido e assim por diante.
Uma notícia que comprei na semana passada disse-me que aquele que diz-que-é-uma-espécie-de-democrata, Otelo Saraiva de Carvalho, tinha recebido, ou ia receber, umas prendas porreiras, com muitos beijinhos, muitos cumprimentos e muitos milhares de euros do povinho português como pagamento pelos serviços prestados.
O meu estômago, que tinha acabado de levar com um pequeno-almoço bem fornecido, desatou logo a chispar faísca, aos coices a tudo quanto cheirasse vagamente a órgão do sistema digestivo e eu, que não tinha vindo equipado com rennies, vi-me e desejei-me para não desopilar logo ali em público.
Ainda bem que a Maria não estava comigo! Só de ouvir o nome do castiço fica logo com urticária e a mona a deitar fumo, recorda-se, entre outros feitos heróicos do personagem, da garrafinha de vinho do porto que o pai recebera e guardara para celebrar a formatura da filha mais velha e que os soldados do Copcon fizeram o favor de abafar da casa dos pais quando, a mando do camarada herói, lá foram fazer uma visita. A garrafa nem vazia reencontrou o caminho de casa mas, uma pistola, uma das várias que também faziam parte do lote dos produtos abafados, foi encontrada na mão dum dos assaltantes a um banco no norte do país. Vá-se lá saber como e porquê...!
Deixem-me lá então ver se percebi bem: um marmanjo que assinou mandatos de captura em branco, que sonhou encher o campo pequeno com milhares de presos sem culpa justificada, que distribuiu armas como se fossem rebuçados para a tosse e que, com a democracia já devidamente implantada, liderou uma organização terrorista que, entre outras provadas malfeitorias, limpou o sebo a dezassete pessoas, tem direito a brinde? Percebi bem…é mesmo assim?
Não sei se será mera coincidência ou até se terá grande significado, mas não deixa de ser curioso que os grandes amigos desta peça são (ou eram) os sempre muito elogiados grandes revolucionários combatentes pela liberdade, heróis que acabaram por tramar – e de que maneira! – os seus compatriotas, tirando-lhes a liberdade que prometiam, tipo o camarada Fidel.
Poderei desviar a parte dos meus impostos que há-de ir parar à pensão de tão ilustre tirano-armado-em-democrata e esturrá-la noutras coisas igualmente intragáveis, sei lá, assim de repente não me lembro de nada mais enjoativo, mas, se me derem um minuto, ah…já sei, em chupa-chupas com sabor a leite azedo?
Eu vou à loja para comprar as notícias que ele lá tem expostas para venda, de preferência procuro notícias que me ponham bem disposto mas, a cada semana que passa, são cada vez menos as que me agradam, o homem bem se esforça para ver se me impinge qualquer coisita, às tantas convence-me, lá lhe entrego o meu voto dinheiro, mas mal ponho os pés na rua já estou arrependido e assim por diante.
Uma notícia que comprei na semana passada disse-me que aquele que diz-que-é-uma-espécie-de-democrata, Otelo Saraiva de Carvalho, tinha recebido, ou ia receber, umas prendas porreiras, com muitos beijinhos, muitos cumprimentos e muitos milhares de euros do povinho português como pagamento pelos serviços prestados.
O meu estômago, que tinha acabado de levar com um pequeno-almoço bem fornecido, desatou logo a chispar faísca, aos coices a tudo quanto cheirasse vagamente a órgão do sistema digestivo e eu, que não tinha vindo equipado com rennies, vi-me e desejei-me para não desopilar logo ali em público.
Ainda bem que a Maria não estava comigo! Só de ouvir o nome do castiço fica logo com urticária e a mona a deitar fumo, recorda-se, entre outros feitos heróicos do personagem, da garrafinha de vinho do porto que o pai recebera e guardara para celebrar a formatura da filha mais velha e que os soldados do Copcon fizeram o favor de abafar da casa dos pais quando, a mando do camarada herói, lá foram fazer uma visita. A garrafa nem vazia reencontrou o caminho de casa mas, uma pistola, uma das várias que também faziam parte do lote dos produtos abafados, foi encontrada na mão dum dos assaltantes a um banco no norte do país. Vá-se lá saber como e porquê...!
Deixem-me lá então ver se percebi bem: um marmanjo que assinou mandatos de captura em branco, que sonhou encher o campo pequeno com milhares de presos sem culpa justificada, que distribuiu armas como se fossem rebuçados para a tosse e que, com a democracia já devidamente implantada, liderou uma organização terrorista que, entre outras provadas malfeitorias, limpou o sebo a dezassete pessoas, tem direito a brinde? Percebi bem…é mesmo assim?
Não sei se será mera coincidência ou até se terá grande significado, mas não deixa de ser curioso que os grandes amigos desta peça são (ou eram) os sempre muito elogiados grandes revolucionários combatentes pela liberdade, heróis que acabaram por tramar – e de que maneira! – os seus compatriotas, tirando-lhes a liberdade que prometiam, tipo o camarada Fidel.
Poderei desviar a parte dos meus impostos que há-de ir parar à pensão de tão ilustre tirano-armado-em-democrata e esturrá-la noutras coisas igualmente intragáveis, sei lá, assim de repente não me lembro de nada mais enjoativo, mas, se me derem um minuto, ah…já sei, em chupa-chupas com sabor a leite azedo?