Para estar de harmonia com as novas regras mundiais já alterei todos os programas que tenho no meu computador, eliminei as referências ao antes e ao depois de Cristo (A.C. e D.C). e introduzi no calendário o ano um da nova era, a era antes e depois do Obama (A.O e D.O.), o novo messias.
Não sei se vai ser fácil alterar o meu bilhete de identidade, lá diz-se que nasci no ano de 1953 D.C quando na (nova) realidade nasci no ano 56 A.O., mas acredito e tenho fé que mesmo a má fama da burocracia portuguesa desapareça graças e estes novos tempos.
Esta é portanto a primeira crónica do novo calendário e é com o peito inchado de felicidade e com os ouvidos prenhes de música celestial – harpa e dança aos molhos – que a escrevo.
Lá fora, para lá de janela do meu escritório, os pássaros chilreiam e voam em círculos perfeitos, descrevendo miríades de ós de Obama, que depois, a brisa suave que embala a doçura da manhã, transforma em coraçõezinhos pirosos como o caraças, as folhas das árvores que há dias jaziam na relva voltaram aos ramos e as flores do jardim perderam as suas rugas outonais e recuperaram o viçoso aspecto primaveril.
Cinco marmanjos escolhidos pelo parlamento norueguês – entre os quais dois socialistas à maneira e um bloquista lá da zona – atribuíram o prémio Nobel da paz ao messias, utilizando, na minha opinião, o mesmo efeito de alavancagem da chamada economia de casino.
Na economia de casino, um artolas como eu, com base na pífia garantia do pinhal dos Chaninhos, consegue dum banco o acesso a linhas de crédito dez, vinte ou cinquenta vezes superiores ao valor do dito pinhal, para tentar fazer fortuna investindo em produtos complicados nos mercados bolsistas por esse mundo fora. Quando a coisa dá para o torto, quando começa a desalavancagem, quando os investimentos em que o artolas se meteu com toneladas de dinheiro alheio começam a derrapar mais do que as contas públicas portuguesas, o desgraçado arrisca-se a perder o pinhal mais as peúgas e as cuecas e o banco talvez nem a transformar os pinheiros em palitos se consiga safar do buraco que ajudou a cavar.
O que os marmanjos noruegueses fizeram foi uma coisa do género: atribuíram ao messias o Nobel da paz, não por aquilo que ele fez mas por aquilo que ele disse que ia (ou vai) fazer. Justificaram eles, os marmanjos noruegueses, que o prémio dado é para encorajar os extraordinários esforços para o fortalecimento da diplomacia mundial, para a facilitação na relação com o Islão e para o êxito do conceito dum mundo sem armas nucleares. Tipo a academia de Hollywood premiar um actor com o Óscar de melhor interpretação num filme que nem sequer começou a ser rodado.
A garantia do messias – as suas boas intenções – foi agarrada e alavancada pelos marmanjos noruegueses com o objectivo de que empedernidos investidores taliban, iranianos, sudaneses, norte-coreanos, russos e chineses entre outros jogadores do xadrez diplomático mundial, abram as suas mentes, os seus corações e os seus mercados à bela retórica e aceitem trocar pontapés, caneladas, facadas nas costas, armas e ogivas nucleares por pétalas de rosas, rebuçados para a tosse e boiões de creme contra a espinhela caída e os joanetes.
Quando a estúpida e dura da realidade das coisas malhar forte e feio nas costas do messias, a listagem das suas boas intenções poderá ter sido suficiente para a atribuição prematura dum prémio mas a desalavancagem da fantasia vai, à maneira da economia de casino, provocar muitos e péssimos estragos. Veremos quem apanhará mais por tabela.
Não sei se vai ser fácil alterar o meu bilhete de identidade, lá diz-se que nasci no ano de 1953 D.C quando na (nova) realidade nasci no ano 56 A.O., mas acredito e tenho fé que mesmo a má fama da burocracia portuguesa desapareça graças e estes novos tempos.
Esta é portanto a primeira crónica do novo calendário e é com o peito inchado de felicidade e com os ouvidos prenhes de música celestial – harpa e dança aos molhos – que a escrevo.
Lá fora, para lá de janela do meu escritório, os pássaros chilreiam e voam em círculos perfeitos, descrevendo miríades de ós de Obama, que depois, a brisa suave que embala a doçura da manhã, transforma em coraçõezinhos pirosos como o caraças, as folhas das árvores que há dias jaziam na relva voltaram aos ramos e as flores do jardim perderam as suas rugas outonais e recuperaram o viçoso aspecto primaveril.
Cinco marmanjos escolhidos pelo parlamento norueguês – entre os quais dois socialistas à maneira e um bloquista lá da zona – atribuíram o prémio Nobel da paz ao messias, utilizando, na minha opinião, o mesmo efeito de alavancagem da chamada economia de casino.
Na economia de casino, um artolas como eu, com base na pífia garantia do pinhal dos Chaninhos, consegue dum banco o acesso a linhas de crédito dez, vinte ou cinquenta vezes superiores ao valor do dito pinhal, para tentar fazer fortuna investindo em produtos complicados nos mercados bolsistas por esse mundo fora. Quando a coisa dá para o torto, quando começa a desalavancagem, quando os investimentos em que o artolas se meteu com toneladas de dinheiro alheio começam a derrapar mais do que as contas públicas portuguesas, o desgraçado arrisca-se a perder o pinhal mais as peúgas e as cuecas e o banco talvez nem a transformar os pinheiros em palitos se consiga safar do buraco que ajudou a cavar.
O que os marmanjos noruegueses fizeram foi uma coisa do género: atribuíram ao messias o Nobel da paz, não por aquilo que ele fez mas por aquilo que ele disse que ia (ou vai) fazer. Justificaram eles, os marmanjos noruegueses, que o prémio dado é para encorajar os extraordinários esforços para o fortalecimento da diplomacia mundial, para a facilitação na relação com o Islão e para o êxito do conceito dum mundo sem armas nucleares. Tipo a academia de Hollywood premiar um actor com o Óscar de melhor interpretação num filme que nem sequer começou a ser rodado.
A garantia do messias – as suas boas intenções – foi agarrada e alavancada pelos marmanjos noruegueses com o objectivo de que empedernidos investidores taliban, iranianos, sudaneses, norte-coreanos, russos e chineses entre outros jogadores do xadrez diplomático mundial, abram as suas mentes, os seus corações e os seus mercados à bela retórica e aceitem trocar pontapés, caneladas, facadas nas costas, armas e ogivas nucleares por pétalas de rosas, rebuçados para a tosse e boiões de creme contra a espinhela caída e os joanetes.
Quando a estúpida e dura da realidade das coisas malhar forte e feio nas costas do messias, a listagem das suas boas intenções poderá ter sido suficiente para a atribuição prematura dum prémio mas a desalavancagem da fantasia vai, à maneira da economia de casino, provocar muitos e péssimos estragos. Veremos quem apanhará mais por tabela.