Como a tradição ainda é o que era, o São Martinho não se esqueceu e lá trouxe o verão para passar uns dias connosco. Poucos, porque o sol quentinho faz muita falta lá no seu posto de trabalho, o patrão diz que a sua presença no sitio certo é absolutamente essencial para o bom funcionamento das suas empresas e para o bem estar dos empregados que habitam na sucursal do planeta terra e que ele não pode andar a mudar de lugar de cada vez que a malta da secção portuguesa decide que vai à adega provar o vinho e se põe a comer castanhas para ensopar.
E que falta que me faz nos dias de hoje conseguir ensopar bem o efeito dos tintois que vou emborcando porque se por um acaso do destino eu for a conduzir e me mandarem parar para me obrigarem a encher uns balões e o meu bafo estiver, por assim dizer, com defeito por excesso, estou bem tramado e sabe-se lá que tipo de caldinho é que me vão dar como castigo e para ver se me emendo. Às tantas sai-me ou um caldo verde ou, pior ainda, um caldo vermelho, de cenoura ralada e quem fica raladinho e passado sou eu.
Caldinho com legumes, qualquer que seja a cor, deixem-me que vos diga é coisa má, coisa ruim, até se me arrepelam os pelos da nuca.
Um amigo meu, ou melhor, um senhor que eu mal conheço e que por acaso até nem sei que vive naquela espectacular vivenda branca em Cascais do lado esquerdo de quem vai para o Guincho, um dia ao almoço perguntou à mãe se a comida estava boa; a mãe, sem parar de comer disse-lhe: filho, não gosto nada dos teus amigos!
Então coma só os legumes, respondeu-lhe ele.
Com sinceridade, conseguem imaginar alguém capaz de manter no futuro, o mesmo tipo de relação que tinha no passado com os legumes? Eu, lamentavelmente, não consegui! Comecei a dar sopa na sopa e a olhar de esguelha para as saladas. Mas estou melhor e a prova disso é que esta é a primeira vez que consigo falar abertamente deste episódio em público sem chorar.
A minha mulher anda a tratar dos meus filhos porque, diz ela, o meu comportamento vai tendo um efeito nefasto na educação deles e eles estão numa idade em que ainda podem ser salvos. Tem andado com paninhos quentes e, sempre que pode, disfarça as leguminosas para ver se nós não topamos o que estamos a comer.
Em desespero de causa e como quem roga uma praga, avisou-nos de que ou comemos a sopinha toda e todo o tipo de legumes e saladinhas ou obriga-nos a ler os livros do Saramago.
Para já, diz ela, são só os livros. Se não resultar, passamos para as entrevistas que ele deu, começando pelas mais recentes.
Os miúdos, à rasca, andam a ver se a convencem de que a alface que vem com os hambúrgueres do macdonaldo é verdadeira; eu, após consultar vários especialistas já decidi: daqui para a frente vou comer legumes todos os dias.
E que falta que me faz nos dias de hoje conseguir ensopar bem o efeito dos tintois que vou emborcando porque se por um acaso do destino eu for a conduzir e me mandarem parar para me obrigarem a encher uns balões e o meu bafo estiver, por assim dizer, com defeito por excesso, estou bem tramado e sabe-se lá que tipo de caldinho é que me vão dar como castigo e para ver se me emendo. Às tantas sai-me ou um caldo verde ou, pior ainda, um caldo vermelho, de cenoura ralada e quem fica raladinho e passado sou eu.
Caldinho com legumes, qualquer que seja a cor, deixem-me que vos diga é coisa má, coisa ruim, até se me arrepelam os pelos da nuca.
Um amigo meu, ou melhor, um senhor que eu mal conheço e que por acaso até nem sei que vive naquela espectacular vivenda branca em Cascais do lado esquerdo de quem vai para o Guincho, um dia ao almoço perguntou à mãe se a comida estava boa; a mãe, sem parar de comer disse-lhe: filho, não gosto nada dos teus amigos!
Então coma só os legumes, respondeu-lhe ele.
Com sinceridade, conseguem imaginar alguém capaz de manter no futuro, o mesmo tipo de relação que tinha no passado com os legumes? Eu, lamentavelmente, não consegui! Comecei a dar sopa na sopa e a olhar de esguelha para as saladas. Mas estou melhor e a prova disso é que esta é a primeira vez que consigo falar abertamente deste episódio em público sem chorar.
A minha mulher anda a tratar dos meus filhos porque, diz ela, o meu comportamento vai tendo um efeito nefasto na educação deles e eles estão numa idade em que ainda podem ser salvos. Tem andado com paninhos quentes e, sempre que pode, disfarça as leguminosas para ver se nós não topamos o que estamos a comer.
Em desespero de causa e como quem roga uma praga, avisou-nos de que ou comemos a sopinha toda e todo o tipo de legumes e saladinhas ou obriga-nos a ler os livros do Saramago.
Para já, diz ela, são só os livros. Se não resultar, passamos para as entrevistas que ele deu, começando pelas mais recentes.
Os miúdos, à rasca, andam a ver se a convencem de que a alface que vem com os hambúrgueres do macdonaldo é verdadeira; eu, após consultar vários especialistas já decidi: daqui para a frente vou comer legumes todos os dias.
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