Vá lá, todos quietinhos agora, toca a olhar para o passarinho… isso… só mais um bocadinho!
Não, não, não, não, assim não! Ou ficam quietos e se juntam o mais possível uns aos outros ou então não saímos daqui hoje!
É só mais um instante e vocês, os adultos, podiam muito bem dar o exemplo! Tira a mão do nariz, não, não és tu, é o teu irmão. Santa paciência, mas o que é aquele matulão está ali a fazer à frente? Eh pá, mas eu já não te tinha dito que os mais altos têm que ficar na fila de trás? Tirem-me o cão daí! Ó filha põe as saias para baixo!
Olhem, sabem que mais: desisto! Estou farto de vos aturar, vão todos para o diabo que vos carregue!
Qualquer infeliz a quem tenham impingido uma máquina fotográfica com o objectivo de conseguir, para a posteridade, uma fotografia de família, fica automaticamente proibido de ir medir a tensão arterial nos dias seguintes. Até desabafos com a sua cara-metade são contraproducentes a uma razoável sanidade mental e física do desgraçado.
Podem, e devem, ser pensados mas são absolutamente interditos a qualquer tipo de verbalização, lamentos como “a tua irmã, além de estar muito mais gorda, está mais parva” ou “os ranhosos dos teus sobrinhos, os filhos do Anacleto, são uns maricas, sempre agarrados às saias da mãe, aquela insonsa” ou ainda “mas o que é que passou pela cabeça do estafermo do teu pai para ele autorizar o nosso casamento?”
Embora eu não tenha conhecimentos pessoais sobre o que estou a escrever, asseguro-vos que tudo isto deve ser verdade.
Recordei-me disto por causa da seguinte notícia que ouvi, neste fim-de-semana, num noticiário de uma estação de rádio: “Em entrevista ao DN (diário de notícias) Mário Soares acha que o PS devia chegar-se um bocadinho mais à esquerda”.
Se é o DN que o diz, então é porque o senhor deve ter mesmo dito aquilo, o jornal é unha e carne com essa gente, mais ou menos assim como os coisos do senhor padre Inácio, sempre juntinhos, nunca vi uns irmãos gémeos tão chegados como aqueles.
Como não tinha tempo nenhum para desperdiçar, não fui ler a entrevista e fiquei-me pelo título, mas imaginei-me logo no papel de fotógrafo do nosso antigo presidente (agora um velho e grande amigo desse exemplo vivo de democrata que é o actual presidente venezuelano) e de mais uns quantos elementos do agrupamento socialista, numa qualquer escadaria de um qualquer edifício público, eu a quere-los mais para a direita, ele a puxar pela manga do casaco do nosso primeiro e a dizer “bem, ó José, homem, aí aonde estás arriscas-te a não ficar bem na fotografia; chega-te mas é mais para aqui, mais para a esquerda, isso, só um bocadinho, aqui para o pé de mim, do frei Anacleto e do Huguinho do petróleo. Vais ver como aqui se fica muito mais aconchegado”.
A minha vesícula, desde que imaginei a cena, entrou em polvorosa e, desde então, ando enjoado e mal disposto! Há-de passar. Que remédio! E sem lamentos!
Não, não, não, não, assim não! Ou ficam quietos e se juntam o mais possível uns aos outros ou então não saímos daqui hoje!
É só mais um instante e vocês, os adultos, podiam muito bem dar o exemplo! Tira a mão do nariz, não, não és tu, é o teu irmão. Santa paciência, mas o que é aquele matulão está ali a fazer à frente? Eh pá, mas eu já não te tinha dito que os mais altos têm que ficar na fila de trás? Tirem-me o cão daí! Ó filha põe as saias para baixo!
Olhem, sabem que mais: desisto! Estou farto de vos aturar, vão todos para o diabo que vos carregue!
Qualquer infeliz a quem tenham impingido uma máquina fotográfica com o objectivo de conseguir, para a posteridade, uma fotografia de família, fica automaticamente proibido de ir medir a tensão arterial nos dias seguintes. Até desabafos com a sua cara-metade são contraproducentes a uma razoável sanidade mental e física do desgraçado.
Podem, e devem, ser pensados mas são absolutamente interditos a qualquer tipo de verbalização, lamentos como “a tua irmã, além de estar muito mais gorda, está mais parva” ou “os ranhosos dos teus sobrinhos, os filhos do Anacleto, são uns maricas, sempre agarrados às saias da mãe, aquela insonsa” ou ainda “mas o que é que passou pela cabeça do estafermo do teu pai para ele autorizar o nosso casamento?”
Embora eu não tenha conhecimentos pessoais sobre o que estou a escrever, asseguro-vos que tudo isto deve ser verdade.
Recordei-me disto por causa da seguinte notícia que ouvi, neste fim-de-semana, num noticiário de uma estação de rádio: “Em entrevista ao DN (diário de notícias) Mário Soares acha que o PS devia chegar-se um bocadinho mais à esquerda”.
Se é o DN que o diz, então é porque o senhor deve ter mesmo dito aquilo, o jornal é unha e carne com essa gente, mais ou menos assim como os coisos do senhor padre Inácio, sempre juntinhos, nunca vi uns irmãos gémeos tão chegados como aqueles.
Como não tinha tempo nenhum para desperdiçar, não fui ler a entrevista e fiquei-me pelo título, mas imaginei-me logo no papel de fotógrafo do nosso antigo presidente (agora um velho e grande amigo desse exemplo vivo de democrata que é o actual presidente venezuelano) e de mais uns quantos elementos do agrupamento socialista, numa qualquer escadaria de um qualquer edifício público, eu a quere-los mais para a direita, ele a puxar pela manga do casaco do nosso primeiro e a dizer “bem, ó José, homem, aí aonde estás arriscas-te a não ficar bem na fotografia; chega-te mas é mais para aqui, mais para a esquerda, isso, só um bocadinho, aqui para o pé de mim, do frei Anacleto e do Huguinho do petróleo. Vais ver como aqui se fica muito mais aconchegado”.
A minha vesícula, desde que imaginei a cena, entrou em polvorosa e, desde então, ando enjoado e mal disposto! Há-de passar. Que remédio! E sem lamentos!