Já curti e já curei os estragos provocados pelos exageros cometidos durante a época natalícia; estou agora na chamada fase dos caldos de galinha que se caracteriza por uma total ausência de excessos e cujo objectivo é manter-me em bom nível físico e mental.
Infelizmente ontem comi qualquer coisa que me provocou uma tremenda de uma azia e segundo o meu médico, nem na Quaresma vai passar. Atlético e pronto para jogar não ficarei eu tão cedo. Paciência!
Ou então vou jogar na bolsa, brincar com as acções das empresas cá do burgo; aqui sim, quem tem jogado, tem todas razões para andar contente, o ano passado foi o melhor desde o princípio do século e este também começou com o pé direito e, para já, vai lindo e formoso, com bom porte atlético.
No meu tempo – expressão usada por elementos de uma determinada geração para dar tareia em todas as gerações mais novas – quando se compravam acções, entrava-se mesmo na posse dos títulos em papel que ficavam guardados no cofre ou debaixo do colchão até à próxima transacção, altura em que eram passados para as mãos dos seus novos titulares. Hoje, nos tempos deles e graças à parafernália tecnológica existente, num minuto, sem ter que sair da cama, sem ter que falar ou contactar com mais nenhum ser vivo, um artista pode comprar e vender imediatamente uma porradaria de acções, ganhar ou perder uma pipa de massa.
Há jogadores que dizem que as cotações das acções já subiram demasiado, que os lucros das empresas vão ser afectados negativamente pelas subidas das taxas de juro, que a economia americana vai entrar em recessão, que a bolha não tarda nada vai rebentar e que as quedas vão ser dolorosas, muito piores do que a queda dos dragões; outros, pelo contrário, dizem que não senhor, este ano ainda vai ser sempre a acelerar, a economia mundial continua de boa saúde e a nossa, a portuguesinha da costa, também vai crescer e as empresas vão mas é ter mais lucros, abrandamento só para o ano que vem. A juntar aos sinais dados pelas maiores economias mundiais, dizem eles, está também o sentimento de que durante este ano vai aumentar ainda mais a concentração de empresas, quer através de aquisições hostis quer através de fusões amigáveis, reduzindo o número de empresas e criando grupos com mais poder de controle sobre os preços de venda dos produtos.
Uma destas duas leituras tão diferentes da mesma realidade estará mais correcta que a outra; pode até dar-se o caso de as duas estarem certas dependendo da altura do ano. Os pessimistas são os ursos e os optimistas são os touros.
Prognósticos só no fim do jogo, de maneiras que convém lembrar a todos aqueles que estão em campo para estarem atentos ao desenrolar dos encontros, ter muita atenção às faltas, especialmente às entradas por trás e à má fila, para não se perder o controle do esférico que neste caso dá pelo nome de euro.
Eu, como se diz na gíria, já estou dentro e em jogo. Espero é não ficar tapadinho …
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