Haverá alguém que duvide – ou que tenha a distinta lata de duvidar – que Maio é o mês mais porreiro, o mês mais fixe de todo o ano, o mês que mais génios por atacado trouxe ao mundo?
Confesso que, assim de repente, de facto, só me vem á ideia um nome, o nome dum génio famoso que possa atirar, para cima desta folha, como prova da veracidade do que escrevi, assim a modos que, zás, tomem lá e embrulhem. Sabem como é, é tanta a fartura de nomes famosos vindos ao mundo em Maio que a gente até entope quando tem que dar mais que um exemplo! Mas, quando me lembrar doutro, já cá volto.
Dito de outra maneira e para pôr as coisas mais terra a terra, este mês está para o calendário como o meu clube está para o futebol: é o maior!
Para o caso (improvável, impensável e inimaginável) de, no próximo fim-de-semana, apanhar outro susto (ou pior!), informo que já pus no bolso das calças um saco de plástico e um comprimido para a azia, daqueles que guardei, bem guardadinhos, para dias maus. Não quero que se preocupem com o meu mal-estar nem que julguem que sou apanhado desprevenido.
Apesar de todos os atributos que fazem deste mês o tal, o especial, o único, há coisas que, nos últimos anos, se vão agravando e que eu detesto. Ainda na semana passada, o senhor director, no seu ponto final, escrevia sobre o prazer que sentia ao assistir a mais um encontro da passarada. Espero que ainda vejo mais uns quarenta encontros mas olhe, a mim é que encontros desses não me dão gozo nenhum!
Está visto que o senhor não tem, a rodear a sua casa, uma vedação de chapa toda cagada por essa passarada toda! Eles são pardais, melros, pombos, rolas, o diabo a quatro! É uma rebaldaria pegada e eu que me amanhe! Conhece as cataratas do Niagara? Então fica com uma ideia do meu problema.
A sério, a coisa é tão grave que, se eu não fosse tão preguiçoso, se calhar tinha que pintar a malvada da chapa todos os anos. Pintar ainda é o menos, o pior é que primeiro tenho que raspar, com uma lixa, toda aquela … coisa.
Ah, que saudades que eu tenho dos tempos em que se podia andar pelos campos a dar uns tirinhos com uma espingarda de pressão de ar, como quando eu era puto, lá pelas bandas do Beco! E o meu irmão? Eia pá, esse gajo é que era um perigo! A bicharada ficava logo toda apardalada quando o viam, entravam mesmo em parafuso porque ele, mesmo quando falhava o alvo (o que era raro), havia sempre algum que morria de susto.
Ando a ver se consigo convencer um dos dois hóspedes, ambos estudantes, que tenho agora a viver cá em casa a ir lá para fora fazer de espantalho. Como é difícil apanhá-los dentro dos meus horários, já lhes deixei várias notas escritas. Sem resposta, até ao momento. Estou a pensar fazer-lhes uma espera mas a minha Maria tem-me travado, estão a ver, ela tem pena deles, diz que lhe fazem lembrar os nossos filhos.
É mesmo bronca, como se os nossos filhos andassem por ai como estes dois pardais: fora do ninho, até às quinhentas da matina! Sempre!
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