Tuesday, June 05, 2007

Indecisões






Bolas pá, assim um tipo anda sempre à nora, sem saber com o que é que há-de contar, isto é duro psicologicamente e alguém vai ter que ser responsabilizado pelos traumas que estas indecisões me causam.
Quando me disseram que a multa a pagar ao ser apanhado a fumar ia dos 50 aos 1000 euros contra uma multa de apenas 25 a 403 euros (substituível por tratamento voluntário) se fosse apanhado a chutar heroína para as veias, percebi que estava na hora de mudar de vício. Somei dois mais dois e, vai daí, concluí que se um delito tem coimas inferiores ao outro é porque é menos perigoso e socialmente mais aceitável. Ao nível da punição, era o chamado dois em um: a troca de um vício mais caro e socialmente asqueroso por um mais barato e mais bem visto. Ao contrário do habitual, saltei da fase do “já faço, daqui a um bocadinho!” para a do “bora nessa Vanessa!” pesquisando na Internet a melhor, a mais barata e a mais rápida forma de trocar de veneno.

Acabada a pesquisa, optei pela compra do pacote que me pareceu o mais adequado ao meu caso particular: um curso diurno de dois dias de “Técnicas de assalto por esticão em zonas urbanas” e outro nocturno, em fim-de-semana, de “Antecipe-se ao estado e alivie a sua família do peso das pratas, do ouro e/ou de outras riquezas materiais”; um bónus, uma espécie de mestrado em “Activismo pacifico anti globalização”, ministrado durante uma qualquer reunião dos G-8, com tudo incluído, a viagem de ida e volta de avião, regime de meia-pensão na primeira noite numa casa ocupada, as seguintes em pensão completa nos calabouços da policia ou num hospital local, um kit de material escolar com quatro paralelepípedos para a prática do tiro às montras, aos carros e às trombas dos broncos que ainda se dão ao trabalho de fazer cumprir a lei, quatro esferográficas, três pensos rápidos, uma t-shirt com o Che estampado e um CD com alguns dos discursos do novo rei da banha da cobra, o grande líder venezuelano.

Eis que, do nada, vem a menina Maria de Belém (sempre tão pequenina, tão sensível, tão sorridente, tão penteadinha, tão bonequinha… ahhhhhh – suspiro! – tão querida!), informar que, alertada que fora por colegas parlamentares (fumadores???), vistas bem as coisas, era bem capaz de haver qualquer coisa de errado naquela tabela de coimas, sabe-se lá, quiçá a merecer alguma reflexão. Em que ficamos, mudo ou não mudo de vício? E posso ou não deduzir no irs as despesas que tive com o curso?
Não deixa porém de ser verdade que tem lógica, aos olhos dos caçadores de receitas para a manutenção dos vícios do estado, a maior penalização dos fumadores (que continuam a comprar a matéria-prima às claras, desde que abifem com o imposto de selo); a enorme esmagadora maioria desses agarrados ao fumo, mesmo depois de muitos anos de vicio, consegue manter raciocínios coerentes, comportamentos razoáveis, moradas conhecidas, toda uma panóplia de defeitos que os forçam a manter-se em empregos remunerados, remunerações essas que acabam por se traduzir, em muitos casos, no crescimento dos seus activos, portanto, alvos que, indefesos, mesmo bufando, pagam mesmo!

Um aviso público à minha Maria e aos meus putos, sem qualquer relação com o texto anterior: transferências, a partir de agora, só para debaixo do colchão da cama do quarto de costura! Know what I mean? Quem não souber inglês, pode pedir ajuda a qualquer um dos alunos que frequentam essa disciplina na universidade da terceira idade da cidade de Tondela.

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