(foto no DN Online)
Acabei de ler o livro da Zita Seabra onde ela conta como foi a sua vida, desde o momento em que, menina rica com dezassete anos, passou à clandestinidade até ao final da década de oitenta, altura em que, definitivamente, conseguiu largar a pele de comunista com que se enrolou durante anos.
Para muitos conceituados democratas esquerdistas, mesmo depois da realidade do muro de Berlim lhes ter caído em cima dos costados, ler este livro deve ser pior do que levar um murro nas trombas e ficar KO. Toda aquela treta sobre democracia, liberdade e igualdade mandada às malvas pela pia abaixo, gentileza de uma das suas mais empenhadas lutadoras.
Para outros, ler aquilo ou não ler vai dar ao mesmo, eles acreditam e – mais grave! – querem que nós também acreditemos naquela banha da cobra para, escravizando o maior número de tolos que conseguirem, terem uma vida rica e darem rédea solta à sua bestialidade.
Infelizmente há ceguinho que não quer ver! À vista de tanta evidencia, ainda há muito boa gente com muito carinho e respeito por outros ditadores vivos, tipo o senhor Saramago, o senhor Fidel Castro e o senhor Hugo Chavez, entre outros. Tudo bons rapazes, malta fixe, daqueles que animam as patuscadas com a sua exuberância e que cativam assistentes para as suas pantominices!
Como a Márcia Rodrigues, jornalista do nosso canal de televisão público que entrevistou, no passado mês de Julho, o embaixador iraniano em Portugal. Não vi a entrevista. Só vi duas fotografias da jornalista na sua função. Da Márcia só se vê uma pequena madeixa do cabelo loiro e a cara. Tudo o resto está bem tapado, com véu, roupa a tapar o pescoço e luvas pretas nas mãos. Ela, que deve ter orgulho em poder celebrar, em liberdade, o dia internacional da mulher, o dia internacional do combate à violência contra a mulher e outras efemérides importantes para as meninas na sua luta pela igualdade face aos meninos, justificou a farpela usada como a adaptação à lei da teocracia islâmica dizendo ser bom que o nababo tuga saiba que ela seria presa se ousasse apresentar-se vestida como lhe é habitual no seu dia-a-dia nesta laica republica portuguesa. Porém, segundo uma fonte da embaixada do Irão em Lisboa, não foram dadas quaisquer indicações à jornalista sobre a forma como ela deveria vestir-se, lembrando que "mesmo que alguma embaixada tivesse a pretensão de dizer a um cidadão português como ele deveria vestir-se dentro do seu próprio país, esse cidadão não era, de forma alguma, obrigado a obedecer às instruções dessa mesma embaixada”.
Não sei quem mente. Não parece nada bem é a nossa Márcia (e já agora o nosso canalzinho de TV) curvar-se tanto perante o representante do ditador iraniano, porque é uma chatice quando esta gente agarra o poder: só o largam à biqueirada!
Por isso é que a Zita Seabra, no seu livro Foi Assim, se congratula com o facto de Cunhal não ter tido poder real porque “ao mesmo tempo que exercia um profundo fascínio, dada a sua forte personalidade, bastava conviver um pouco de perto com Álvaro Cunhal para lhe perceber uma profunda desumanidade nas relações humanas, muitas vezes a roçar a crueldade”. Está na cara: foi assim e é assim! Né?
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