Thursday, August 09, 2007

Viva




Já cá moram quinze diazinhos de papo para o ar numa praia algarvia!
Além do bronze, oferta do rei sol, trouxe também dois pares de quilos para chatear as minhas calças; vai-me dar um gozo do caraças ver como é que elas se vão desenrascar e conseguir enfiar pelas minhas pernas acima sem perturbar, em demasia, a hortaliça. O cinto, impossibilitado de se meter na fivela, desapareceu sem deixar rasto. Se por acaso algum dos leitores tiver um, para aí com uns dois metros e meio de comprido, que não use, saiba que estou comprador, pelo que me poderá contactar para uma rápida conclusão do negócio.

Até nem sou dos que comem muito; bem pelo contrário! O meu problema tem a ver com a manteiga, as loiras e os gelados. Por esta ordem! O resto do que como é muito à base de grelhados e cozidos, tudo muito saudável.

Felizmente esta mania com a culinária saudável está muito em moda entre os adolescentes, pelo menos entre as raparigas e os rapazes que, este ano, frequentaram a mesma praia que eu. Só gente linda e elegante, praticamente ninguém excessivamente nutrido.
A contrariar os pregões dos vendedores ambulantes a produtos, fritos, que dão cabo da saúde, o “olhà bolinha com creme, a bolinha sem creme e o creme sem bolinha” ou o “olhà bolacha da dona aurora, feita de manhã para comer agora”, está o delas e o deles, anunciado sem pruridos de espécie alguma: cozam-se os carvalhos! Em qualquer lugar e a qualquer hora!

Fui ao barbeiro porque o meu cabelo é infernal e, nem nas férias, fica quieto. Agora frequento um que fica num centro comercial; para rentabilizar a barbearia e como há muito mais mulheres que homens, criaram um espaço que está a funcionar como barbearia para gajas e que já ocupa quase o dobro do nosso território.
Hoje tive que esperar quase uma hora pela minha vez. Eu e mais os seis marmanjos carrancudos que tiraram a senha antes de mim; elas, as senhoras, chegavam aos magotes, sorridentes e faladoras. Bichas para elas? Nenhuma! Estavam todas do nosso lado!

Quando um homem é chamado para o acto a que vai, estrafegam-lhe o pescoço com uma porcaria dum enorme babete velho, lavam-lhe a cabeça com sabão clarim, esfregam-na depois com um pano de limpar o chão, empurram-no para uma cadeira já cheia de cabelos, fazem-lhe o que tem a fazer e … prazer em vê-lo, até à próxima!
Elas? É só sorrisinhos e beijinhos, “querida, que óptimo aspecto, e ainda não esteve na praia? Não? Quem diria!, mas isso é fantástico!”, desaparecem por detrás duma porta (apostava que lhes dão um aperitivo às escondidas) e reaparecem com uma bata branca absolutamente impecável a proteger a roupita; as mãos que lhes esfregam o couro cabeludo estão equipadas com luvas pretas da mais pura seda.
O desvelo pela criatura sentada na confortável poltrona até enjoa: “Querida, a temperatura da água está boa? Não está muito apertado no pescoço, pois não? ”, “Ó Mizé, na tua cliente tu só usas o nove trinta e oito porque, no preto dela, esse realça-lhe a mate, e – não te esqueças! – não abuses do oxidante!”.
O coração aperta-se-me quando vejo uma coisa com a cabeça repleta de folhas de papel de alumínio; lá fora as nuvens estavam pretas e se trovejar aquela coisa vai atrair um raio. E eu temo ficar como os carvalhos: cozido!

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