Monday, April 30, 2007

Botões

(foto de Ana Baião no Expresso)


Tiro o chapéu, bato palmas e reverencio-me a Pina Moura! Disse ao povo que não foi, nem o seu percurso político nem o seu estatuto de ex-governante e de deputado da nação que levou o grupo espanhol Prisa a escolhê-lo para chefiar a TVI mas sim – segurem-se! – o seu currículo enquanto gestor. Depois de ter dado um enorme e reconhecido contributo para o monumental rombo nas nossas contas publicas, esbanjando, em redistribuição selectiva, a riqueza que não era dele e que não lhe custou a ganhar – cumprindo, na perfeição, a máxima do “made in socialismo” – acabar por ser seleccionado pelos seus dotes de gestores, é obra!
Disse mais, disse que era óbvia, também, a existência de uma opção ideológica na sua escolha. Aleluia! Mais vale tarde do que nunca! Finalmente, alto e bom som, um socialista de peso, apregoa o mesmo que há muito defendem, entre outros, os liberais, que todos os órgãos de comunicação social devem dizer, claramente, à sua potencial clientela, quais as suas posições ideológicas. Evita-se comprar gato por lebre, fazer-se passar por algo que se não é, que não se consegue ser: sempre isento e imparcial.
Pelo silêncio dos outros socialistas fica-se com a sensação de que, de repente, por artes mágicas, toda a família partilha desta opinião, o que, pelo menos a mim, me parece um pouco estranho e bizarro, tendo em conta alguns histerismos do nosso passado recente. Ou então, o silêncio, tem a ver com o facto de ser mais um órgão de informação a ficar nas “nossas” mãos. Em todo o caso é (mais) uma mudança, daquele espectro ideológico, no sentido certo. Tardia, como hábito, mas aquelas mentes …

Para exemplificar esta opção em nome da transparência, citou os seguintes jornais, todos proclamados opositores à guerra no Iraque: o espanhol El Pais, os americanos New York Times e Washinghton Post e o francês Le Monde. Curiosamente, em todos estes jornais, e não apenas relativamente ao Iraque, será mais fácil encontrar dez noticias a elogiar as posições das “esquerdas” (das moderadas às mais radicais) do que duas a defender as posições das “direitas”. Acredito que muitos portugueses conhecem, pelo menos, um daqueles jornais, porque eles foram, durante as últimas décadas, muito citados como informação de referência. Ainda continuam a ser, mas agora há a Internet e outras ferramentas libertadoras, de modos que já deu para perceber que, afinal, também há jornais e televisões de “direita”, muitos deles líderes incontestados de audiência, inclusive nos países de origem dos jornais atrás referidos.

Sobre Portugal, o senhor Pina Moura, deu como exemplo, o apoio à guerra no Iraque, como uma tomada de uma opção ideológica feita jornal O Publico, na pessoa do seu director. No entanto, ao contrário do que fez quando citou os ditos jornais estrangeiros, sentiu-se na necessidade de adjectivar a opção ideológica do senhor José Manuel Fernandes, considerando-a como “acéfala e cega”. Presumo que por contraponto à opção “inteligente e visionária” dos seus camaradas globais de informação esquerdista. Foi como quem diz, eu pino-te (expressão, caída em desuso, moda quando eu era magro e cabeludo, que parece querer reaparecer no nosso léxico)!

Numa democracia de mercado livre (diz-se que é este o nosso modelo), os botões do comando de controlo remoto de cada televisor são o instrumento que determina o grau de sucesso de cada canal; se a informação da TVI, depois da tomada “de facto” do poder pelos socialistas, em momentos de verdadeiro aperto (como o do caso do percurso académico do nosso primeiro), for a mais vista, parabéns aos seus novos administradores.


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