Sunday, September 30, 2007

No colchão

(Adapted from an original ad found here)


Vai para aí um forrobodó danado nos mercados financeiros mundiais que é bem capaz de estoirar com a luz ao fundo do túnel da economia que a malta já dava como certa, ainda que os bolsos continuassem tão leves como dantes.

Em pleno século vinte e um, cai o queixo a qualquer um ao ver as enormes filas de gente desesperada que, em Inglaterra, correu e corre, a levantar os depósitos que tinham e ainda têm num banco local que está, alegadamente, com as calças na mão.

Apanhados no vendaval provocado pela chamada crise dos empréstimos “subprime” (empréstimos a pessoas de muito poucos rendimentos e com um historial elevado de calotes pregados noutros empréstimos anteriores, uma estratégia seguida quando as taxas de juro nos Estados Unidos estavam a valores historicamente muito baixos) os responsáveis do banco informaram que os seus lucros tinham sofrido um rombo do caneco; vai daí, uns quantos tipos começam a sacar a massa de lá, a coisa espalha-se num boca a boca imparável, o taco que existe no cofre não chega para as encomendas, toca pedi-lo emprestado a outros bancos, primeiro aos bancos amigos habituais, depois a bancos amigos dos bancos amigos e, como a resposta continua a ser um manguito, acaba-se a recorrer a quem quer que seja que esteja disposto a emprestar o guito, mesmo que cobre um pouco, ou muito, mais. Nada que qualquer um de nós não fizesse quando está mesmo à rasca e precisa, sem falta nenhuma, daquela massa naquela dia, naquela hora, já!

Mas a manta é curta e como a tempestade aumenta de intensidade o montante que lhe emprestaram já se foi e é preciso mais; muito mais! Os manguitos estão, nesta fase, generalizados e toda a gente desconfia de toda a gente. O cérebro de cada banco pensa assim: hum … se fulano, que é um rato de esperteza, se espetou naquilo então beltrano, que é do mais fino que há, também deve estar aflito! E sicrano? Só pode! Chiça, será que vão conseguir devolver-me aqueles milhões que me pediram emprestados há uns tempos atrás? Eh pá, se não mos pagarem, também não posso pagar o que devo! Porra, querem lá ver que também eu estou feito?

Como nós faríamos em desespero de causa e se os nossos pudessem, os responsáveis do banco viraram-se para os papás, neste caso o pai do sistema bancário lá do sítio, o banco central inglês. De joelhos e em confissão, desvendam-se os segredos das asneiras cometidas – nesta fase do campeonato tem mesmo que ser – promete-se nunca mais cometer o mesmo erro, pede-se a absolvição e ajuda.

E o pai absolve e ajuda! Por enquanto! E apesar dela e das múltiplas afirmações sobre a sólida situação do banco afiançadas pelas mais altas e qualificadas autoridades na matéria, a verdade é que o Zé-povinho não acredita e continua a fazer bicha para sacar a massa daquela instituição.

Por enquanto isto passa-se pelas terras de origem do clube de futebol de milionários que, esta semana, vai levar uma carga de porrada dos leões. Mas … e se a moda pega e alastra para outras paragens? Corre-se a levantar o taco? Para meter aonde?

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