Sunday, February 08, 2009

Cantigas de embalar



Um belo momento de poesia, coisa rara no cardápio das minhas preferências, um conjunto de versos cantados pelos pequenitos do exercito português ao senhor que chefia o nosso governo, uma brilhante actuação que teve lugar no principio do ano e que me levou às lágrimas, lágrimas salgadas que dançaram nos meus olhos esbugalhados, enfim, um momento complicado e difícil para a minha masculinidade, incapaz que fui de reprimir a minha faceta sensível, aquela que escondo por detrás desta minha cara trombuda:

Viva o nosso primeiro-ministro,

Viva o nosso dirigente

Seja sempre iluminado

Pela estrela mais fulgente

Temos todo o desejo

Não o podemos negar

Cantar para o ano as janeiras

Outra vez neste lugar

Os que não forem socialistas, quando pararem de rebolar, quando tirarem a esfregona dos olhos, limparem toda a água que caiu no chão e quando voltarem a portar-se como pessoas adultas, façam o favor de parar de ler e vão mas é tratar de coisas sérias.

Socialistas, entre nós, agora que não está cá mais ninguém, vá lá…confessem…até vocês coraram de vergonha, não foi? Não? Mentirosos!

Aposto que, nostalgicamente, o vosso pensamento associou logo esta magnifica ode a outros grandes líderes, passados e presentes, também eles iluminados dirigentes, altamente cantados e adorados pelos seus povos, dos chineses aos norte-coreanos, dos cubanos, bolivianos, venezuelanos e pelos que ainda restam no Zimbabwe. É, a mim também me passou logo pela mona essa feliz associação.

Eu que não sou nada dado a grandes emoções, arrepiei-me todo, fiquei com pele de galinha, coisa que é muito raro acontecer-me, só me dá isto quando há uma grande baixa de impostos, quando o vinho que tenho no copo não presta ou quando o meu clube não ganha o campeonato.

Mas pronto, não fiquem assim…afinal de contas, tendo em conta os resultados das múltiplas eleições livres e democráticas já realizadas e pelas sondagens actuais, a esmagadora maioria dos portugueses é sadomasoquista, adora a vossa ideologia, esteja o produto à venda com rótulo brando ou radical. Dizem as sondagens que, se somarmos os possíveis resultados de todos os partidos que publicitam a vossa ideologia, não devemos ficar longe dos oitenta por cento.

É assim a modos que um vício, a coisa está entranhada, agimos como sonâmbulos, há décadas que não passamos da cepa torta, empobrecemos alegremente mas, graças ao estado todo poderoso e à cumplicidade dos órgãos de comunicação social e dos seus lacaios funcionários do regime, insistimos na (asneira) receita. É a vida!

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