Monday, February 04, 2008

Banalidades




Numa reunião de amigos, discutimos o que tínhamos ouvido num telejornal do canal um da televisão do estado, os detalhes da nova investida do jornal Publico contra o nosso primeiro-ministro, impressos nas suas edições de sexta e sábado.

Paródia digna do período de Carnaval em que estamos, pede-nos o number one que deixemos os senhores políticos descansar, daqui a pouco entramos na Quaresma e então veremos se a procissão se fica mesmo pelo adro ou se vai mais além, passear para as ruas da povoação.

A investida terá começado com base em declarações de um antigo autarca socialista que, no verão passado, aos microfones de uma rádio local, terá posto a boca no trombone, levantado alguma suspeição sobre a actividade profissional do nosso PM enquanto engenheiro.

Ao que parece, o senhor Pinto de Sousa terá assinado muitos projectos na Guarda, ao longo da década de 80, cuja autoria, alguns dos donos das obras, garantem não ser dele. Parece também que, nalguns casos, esses documentos eram manuscritos com a letra de um outro senhor, um amigo, colega de curso e que, sendo funcionário do município, não podia assumir a autoria de projectos na área do concelho. O jornal adianta ainda que ele terá também acumulado subsídio de exclusividade como deputado com funções privadas enquanto engenheiro técnico.

Cada lado esgrimiu os seus argumentos, cada um defendeu a sua dama; os que estavam do lado do engenheiro protestaram contra o facto dos jornalistas perderem tempo com pormenores e detalhes antigos, coisas banais, triviais, normais e que toda a gente sempre fez, faz e, calhando, continuará a fazer.

O outro lado, pé na tábua e prego a fundo, foi coleccionando argumentos contrários, alguns suportados em opiniões como a do Augusto Guedes (presidente da Associação Nacional de Engenheiros Técnicos (ANET)) que defende que “a assinatura de favor é uma fraude que devia ser criminalizada, porque quem assina um projecto que não elaborou está a subverter todas as regras da Engenharia e da Arquitectura e a pôr em causa a segurança dos cidadãos além de promover uma clara concorrência desleal”.

Eu, que normalmente fico calado nestas questões porque me recuso a falar com gente que defende os seus argumentos com decibéis, fiquei a pensar, enquanto esfumaçava mais um cigarrito que, no Quénia, por exemplo, esfolar um membro de uma tribo diferente, à vista de toda a gente, pode, ainda hoje, continuar a ser normal mas tenho algumas duvidas de que esteja certo.

Não deixa de ser irónico que, tendo o senhor Pinto de Sousa queda, jeito e feitio para engendrar e fomentar umas espécies de totalitarismos, com as suas ASAE’s, a lei anti tabaco, a publicação de listas mais o incentivo à bufaria nacional, fique agora todo enxofrado por andar por aí um jornal a investigar e a publicitar quando a bota não bate com a perdigota. Homem, você não é o Bush, aquele americano burro, a quem todo o mundo goza sem freio, não, você é um verdadeiro democrata, não se fique, vá, mande a sua ERC dar-lhes (ainda mais) no pelo!

Num exclusivo mundial, sei que houve tremendas pressões da UNESCO sobre o Público para que não fossem reveladas as fotografias das belas obras de arte assinadas pelo engenheiro por se temer que, ficando o mundo a conhece-las, todas as actuais candidaturas a património mundial da humanidade ficassem prejudicadas e fossem relegadas para terceiro plano. A sério, pá

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