Wednesday, August 13, 2008

Cálculos

(foto daqui)

Uma operação de subtracção, aparentemente com um grau de dificuldade digna do mais recente exame de matemática do décimo segundo ano no condado de Portugal, diminuiu em quinze o número de desgraçados que, contrariados, viviam sob a asa protectora dum bando de malfeitores famosos – as FARC – fora do alcance dos efeitos negativos da perigosa globalização capitalista.

Os comunas por esse mundo fora, incluindo os cá do burgo, andam, com muita razão, com uma azia dos diabos, um bocado atrapalhados para aceitarem, como válido e correcto, o resultado da operação, nem mesmo pedindo-lhes que façam a prova dos nove, não senhor, isso é que era bom, o instrutor que levou a cabo a resolução da dita foi, é e será, uma grande besta, talvez que se ele fosse uma besta de esquerda ainda vá que não vá, agora uma besta de direita, isso não, nem pensar, ainda por cima já tinham decidido libertá-los, a sério, desta vez era mesmo a sério! Além do que, a nível caseiro, estes episódios poderão pôr em causa a habitual presença daquela colectividade de cariz humanitário na festa do Avante.

Eu julgava, com base na opinião mundial publicada, a que interessa, aquela que procura guiar-me para um resultado final adequado e apropriado nas contas que só a mim deviam dizer respeito, que a tal besta (de direita) que atemoriza e governa os colombianos, estava praticamente derrotada, isolada numa redoma reaccionária, cercado por países comandados por bravos, heróicos, inteligentes e democráticos lideres, pouco faltando para cair de podre e, afinal, como quando dou por mim a fazer o pino, está tudo de pernas para o ar, parece o desmascarar súbito de certos personagens no fim das telenovelas “filho da mãe, vejam lá, um tipo destes, parecia que não fazia mal a uma mosca e agora, zás, de repente, o gajo é que é o chefe dos maus”.

Depois há aquela sonsinha, a Ingrid, o único dígito feminino no grupo dos subtraídos, filmada há uns meses com aquele mau aspecto que obrigaria a fechar as portas da loja para evitar o roubo eminente e que aparece agora como uma turista chegada de férias prolongadas numa praia de gelo derretido no pólo, toda arrebitada a reclamar contra o mau serviço prestado pela cadeia hoteleira durante a estadia.

A mim não me engana ela, podem dizer-me que ela está muito bem fisicamente, blá, blá, blá, mas, para mim, mesmo não sendo médico, ela mentalmente está fundida, completamente xexé.

Só alguém com os parafusos desapertados, destrambelhada dos pirolitos e cerebralmente morto é que ousaria denegrir o camarada Che Guevara, permitindo-se fazer deduções estapafúrdias do género “…pensei em quem seriam todas aquelas pessoas ali presentes, depois, à medida que nos aproximámos vi que eram das FARC porque tinham vestidas t-shirts com a fotografia do Che…”.

Confessem lá, conhecem alguém, mentalmente são e a viver no planeta terra, que possa continuar à solta depois de mandar uma bojarda destas, ligar um mito sagrado como o camarada Che, alguém que serviu e serve de inspiração para tanta coisa e para tanta gente, ligar tal criatura a uma cambada de sequestradores, traficantes e assassinos?

O único diagnóstico possível é mesmo o de demência precoce e galopante; eu sei do que falo porque sofro exactamente do mesmo mal, amigos meus tentam vestir-me um sobretudo de madeira e mandar-me para Marte de cada vez que, também eu, digo mal do mesmo senhor, eu insisto e continuo a dizer o mesmo, mas baixinho, já só para mim, eles ficam todos contentes porque, se estou a falar sozinho, é porque estou mesmo doido varrido, então está tudo em ordem. O tratamento é uma combinação de colete-de-forças com choques eléctricos.
O resultado, um dia destes, certo ou errado, há-de vir.

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