Thursday, July 02, 2009

Ai







“Portugal será uma excepção em relação ao resto da Europa” foi uma das frases que me fartei de ouvir durante a campanha para as eleições europeias; esta excepção devia-se ao facto de todas – todas! – as sondagens apontarem para uma vitória dos socialistas que, apesar das trapalhadas do seu chefe e das politicas do seu governo, iriam aguentar o desgaste e vencer a múmia do maior partido da oposição e tudo o resto que se lhe apresentasse pela frente.
Este feito excepcional, a vitória do partido no poder numas eleições realizadas em plena crise, afirmavam-me os jornalistas, os comentadores e os fazedores de sondagens, só iria ser possível graças às enormes qualidades do nosso grande líder, o Zezito, que, de propaganda em propaganda, de inauguração em inauguração, se tinha fartado de puxar pela clientela, dando o litro e a ele, só a ele, se iria dever a anunciada vitória.
Por essa Europa fora, diziam as tais senhoras e senhores, semelhante feito, a vitória do partido no poder, dificilmente estaria ao alcance dos fracos políticos que governam os outros povos deste espaço, políticos que, não tendo a fibra do Zezito, o nosso querido líder, iam levar uma valente murraça nas trombas por andarem a gozar com o pagode.
Para um vencedor há sempre um perdedor, há muito tempo que ele estava encontrado no maior partido da oposição e na velhota que o chefia; explicações para a derrota anunciada ouviam-se para todos os gostos, tudo era mau de mais para ser verdade, com destaque para as divisões dentro do próprio partido, até em plena campanha de que eram um exemplo as exigências do “jovem” quarentão Passos Coelho.
Galo do caraças, um ciclone chamado realidade, com o epicentro no Zé-povinho votante, não contente em despentear o camarada e candidato Vital Sassoon Moreira, virou tudo de patas para o ar e a tal excepção de facto aconteceu, sem dúvida que aconteceu, embora com resultados irritantemente diferentes dos anunciados, afectando, e muito, não só o nosso Zézito, mas também os seus melhores amigos, os socialistas que, como ele, também chefiam governos, nomeadamente o espanhol e o inglês. Para que estes governantes socialistas não ficassem tristes e sós, os caramelos que por essa Europa fora se dignaram alçar o dito da cadeira e ir votar, dedicaram-se também a malhar nos demais partidos socialistas, com ou sem governo (com uma ou outra excepção, claro está).
Quando a esmagadora maioria das astrólogas Mayas e dos professores Karamba que se passearam pelas televisões tinha dado como morto e enterrado tudo quanto não cheirasse vagamente a mofo e a socialismo, o resultados destas eleições, a derrota do Zezito e dos seus muchachos, mostraram que talvez muitos desses videntes precisem de tirar umas férias, quem sabe se prolongadas.
Mas acho que posso esperar sentado porque, apesar de terem sido cilindrados pela realidade, esta gente que gosta da situação em que isto anda(va), há-de levantar a grimpa e fazer o encomendado e o combinado.

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