Wednesday, December 16, 2009

Muros



Celebrou-se há dias o vigésimo aniversário da queda do muro de Berlim, o muro que, durante décadas, dividiu aquela cidade alemã em dois modelos de sociedade, dois modelos completamente diferentes: num dos lados a malta tinha a liberdade para falar e decidir, por si próprio, uma catrefada de coisas que a só a ela lhe diziam respeito e, no outro lado, do lado de lá, o maralhal tinha todo e o exclusivo direito de levar no focinho se não calasse a matraca o que, mesmo assim, atendendo ao alargado lote de mimos à disposição dos queridos lideres e dos seus amigos, era um género de mimo para o suave.
A parede foi construída para impedir que os felizardos que ficaram do lado leste da cidade dessem de frosques, mandassem tudo para as urtigas e que, com os seus testemunhos, dessem cabo da maravilhosa propaganda que o politicamente correcto fazia, nos órgãos de comunicação social do ocidente, ao que se passava do lado de lá do muro, supostamente o paraíso onde o homem novo viveria como nos filmes da carochinha, sem chatices e feliz para todo o sempre.
O tal do homem novo era assim como um totó ceguinho que, após a aplicação duns cremes e dumas gotas feitas a partir dum produto químico chamado socialismo, virava um atlético e visionário socialista, apelidado de comuna nesta variante.
Por cá, expressar em público a mais pequena dúvida quanto às qualidades dos comunas era sintoma de disfunção do metabolismo do marmanjo e mesmo em privado havia que ter algum cuidado porque o comuna é um ser muito sensível e dado a reacções alérgicas que podem causar contundências nos órgãos de terceiros.
Como o bicho homem sempre quis imitar o pássaro e voar livremente, tem sido impossível manter um elevado número deles aprisionados durante muitos anos. O vírus da liberdade, que é triliões de vezes mais perigoso do que o vírus da gripe suína e contra o qual, felizmente, nunca foi descoberta nenhuma vacina, acaba sempre por atacar os homens subjugados e o desencadear duma pandemia é uma questão de mais tempo ou menos tempo.
Muitos dos homens portadores da estirpe mais forte do vírus da liberdade apanham tareia de criar bicho enquanto os ditadores os tentam curar e alguns acabam mesmo por esticar o pernil não ficando para ver os efeitos da pandemia que ajudarem a espalhar.
Como causas e contributos para a queda do dito muro de Berlim eu já tinha ouvido muita coisa e muitos nomes, mas foi preciso chegar a este aniversário para ficar a conhecer mais uma teoria, uma teoria vinda, nada mais nada menos, que da boca do Zézito, o nosso querido líder e primeiro-ministro que, sem se rir, disse:
«Há muitos que dizem com justiça que as revoluções democráticas precursoras do movimento que levou à queda do Muro foram as revoluções ibéricas as revoluções democráticas em Portugal e em Espanha, e eu faço essa leitura histórica»
O que me provocou um ataque de riso maior do que a piada do querido líder foi uma filiada no partido do frei Anacleto dizer que o antigo presidente americano Ronald Reagan não teve qualquer influência ou impacto na queda do muro.
Como antigamente, há um politicamente correcto que mete dó e…medo.

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